T-000012/O RETRATO
FONTE: ENCICLOPÉDIA BARSA O RETRATO
POESIA DE CECÍLIA MEIRELES.
Foz do Iguaçu, 03 de março de 1.975.
Direção do Professor de Português, Flavio Wrken. Equipe abaixo.
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste assim magro.nem os olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha mãos sem força. Tão paradas e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil?
Em que espelho ficou perdido a minha face? O primeiro requisito para exame de uma mensagem consiste na descoberta de todas as clausulas que a constituem, estabelecendo as relações que entre si mantém os elementos da mensagem. Ao jogo dessas relações é que chamamos interpretações da mensagem.
O intérprete reúne em si as funções de receptor e emissor, há um tempo o perfeito entendimento da mensagem nos advém da possibilidade de a interpretarmos.
Estabelecer essas relações entre as clausulas que constituem um texto, resulta em interpretar-lhe a mensagem. Os elementos são independentes, os elementos prevêem e é visto pelo o outro elemento. Os elementos e são condescendentes.
O exame das relações entre os períodos cláusulas de notícia nos encaminha para o seguinte esquema: Determinam-se três seguimentos, portanto: o retrato presente, os versos, a surpresa da o começo da procura.
O retrato anterior é indireto, porque a poesia afirma que não tinha este rosto de hoje, tinha outro, que nos é dado por contraste. Se o rosto de agora é calmo, triste e magro, o rosto de ordem seria inquieto, alegre e cheio; aos olhos vazios correspondem os olhos cheios de imagens? Ao lábio amargo, porque esquecidos dos beijos, se opõe o lábio doce, e carinhoso; com as mãos sem força para os abraços haviam de contrastar as mãos sempre dispostas a caricia. O coração que nem se mostra, morreu para o amor; O antigo mostrava-se e apegava-se ao amado. O oitavo verso alias, é que nos leva a supor que os dados físicos do retrato se prendem a fatores afetivos: o coração se mostra, quando se dá, parece-nos exorbitar do texto o pensamento de que se trata de tempo decorrido, da velhice em suma; a velhice não explica, os olhos vazios, dado que é comum aos velhos enxergar mais longe (pesbitia); muito menos justifica aquelas mãos paradas, quando a velhice as tem tremulas. . Uma conclusão se tira de imediato: a poesia prefere o retrato anterior, porque é de hoje é colocado naquele, mas sugerê-nos que está resignado (calmo) com a mudança havida.
A surpresa da descoberta está naquele verbo, dar por significa achar por acaso; é o ponto de partida para a intranqüilidade.
O último segmento nos revela a preocupação da poetisa e se formula por isso um paradoxo: pergunta-se procura; procura-se, quer: quer-se, está descontente com o que tem; está-se descontente, como estaria calmo? De certa maneira a pergunta introduz uma nota de otimismo: o que se perdeu, pode voltar a encontra-se.
E nos aparece o argumento definitivo para concluir que o verdadeiro retrato que é a pessoa física, a pessoa real, ficou no espelho: enquanto a imagem fictícia saiu do espelho para vida e, por isso: assume aquelas características negativas de olhos vazios o lábio amargo, principalmente, e por isso apenas.
Chegamos ao ponto certo de deduzir o assunto: o seu retrato antigo. É o inicio elemento que está sempre presente em qualquer dos seguimentos.
Tema: Objetivo: é o desejo de retornar; o primeiro é o encontro da face perdida e, com ela, da felicidade perdida. O tema esparrama-se pela mensagem inteira e nos enseja dois seguimentos: a -a recordação dolorosa (os versos)1 a 8 - b – a tentativa de solução (os versos) – 9 a 12. Reeditado em 31 de dezembro de 2.004. Geraldo Porci de Araújo.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
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