Quand il me prend dans ses Brás Il me parle tout bas, Je
vois la vie en rose.
Bem
me diziam que São Paulo é um país amigo do Brasil. O fato teve confirmação
quando se soube que o chefe de Estado brasileiro mantém lá uma embaixada,
localizada no mais concorrido point do capitalismo tupiniquim - a esquina da
Rua Augusta com a Avenida Paulista. Ali, Lula presidente instalou a amiga
Rosemary Nóvoa de Noronha, dita Rose, como embaixadora plenipotenciária para
assuntos nacionais e internacionais.
A
natureza das atividades a que ela se dedicava chegou recentemente às manchetes.
E mais uma vez arrancou silêncios do ex-presidente, que parece totalmente
desinteressado do assunto. Duas pessoas falaram por ele. Falou por ele o sempre
obsequioso ministro Gilberto Carvalho, que disse não ver motivos para os fatos
trazerem qualquer perturbação ou constrangimento ao amigo Lula. E, falou. Por
ele, também, a muda e sorridente submissão de dona Marisa Letícia. Não vou
tratar aqui desse submundo em que tantos amigos de Lula são assíduos
frequentadores. As docas e bares do porto de Marselha, nos anos 50, eram habitantes,
por marinheiros, vagabundos, e prostitutas mais exigentes em suas transações.
Não é disso que este texto se ocupa.
Quero falar sobre o tal Escritório de
Representação da Presidência da República em São Paulo e sobre como se confiam
a mãos tão incompetentes quanto sujas setores decisivos ao funcionamento do
país. Para que serve esta estrutura administrativa existente nos escalões
presidenciais onde, há sete anos, Rose ia levando sua vie en rose? A Polícia
Federal entrou lá por uma porta e a ordem de Dilma chegou fulminante: fica
extinto o cargo que ela ocupava. Se não podia de ser extinto por que existia?
Doravante, segundo teria disposto a presidente, todas as determinações
relacionadas com aquela repartição federal serão originadas de Brasília. Resta
a pergunta: o que há num escritório sem chefe, além de telefonista, Office boy
e motoboy? O caso é uma evidência de o quanto se joga fora o dinheiro do
contribuinte. Cargos são criados por necessidade de acomodar afetos pessoais e
cargos são extintos por necessidade de resolver desconfortos causados pelos
ocupantes. Com a mesma mão que assinou a extinção do cargo da dona Rose, Dilma
despachou para o Congresso projeto de lei criando outros 90 junto à presidência
da República.
A
história das atividades que agora estão sobexame da Polícia Federal no
escritório paulista mostra, por outro lado, os parcos critérios com que são
providos postos significativos como são as chefias das agências reguladoras de
atividades concedidas. Nem mesmo a complicada ficha funcional de um dos irmãos
Vieira foi motivo suficiente para frear a determinação de vê-lo titulando o
posto, que pretendia. E tudo se passava ante os olhos da mãe do PAC, sob o
nariz da mãe do PAC e junto aos ouvidos da mãe do PAC. Por quê? Porque o poder
confiado a mãos irresponsáveis não vale pelo bem que produz, mas pela festa que
proporciona e porque é muito difícil afastar-se de más companhias generosas.
Autor:
Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org,
articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.
Difusão: Geraldo Porci
de Araujo. 05/10/2012
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