quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

EMANA DE VAIAS E OFENSAS

Já me defrontei várias vezes com alguns desses cãezinhos que, embora aparentemente apenas barulhentos, a qualquer descuido te atacam os calcanhares. Lembrei-me deles ao assistir as manifestações que militantes do PT e do PCdoB prepararam para recepcionar Yoani Sanchez em sua visita a algumas capitais brasileiras. Latiam palavras de ordem e só não morderam a senhora porque não sairia bem nas fotos. Essas manifestações correspondem ao que foi previamente denunciado pela revista Veja: a embaixada de Cuba organizou, dias atrás, reunião com representantes dos dois partidos mencionados. Nesse encontro, visando a preparar essas manifestações através das redes sociais, foram distribuídos CDs com informes sobre a visitante. A reunião de fato ocorreu e o Planalto confirmou o inimaginável: um membro da equipe do ministro Gilberto Carvalho foi convidado e compareceu! A embaixada de Cuba proporcionou mais uma demonstração de que continua tratando o Brasil como quintal de Fidel Castro. Há uma boa lista de precedentes. Tenho grande dificuldade de compreender como Yoani Sanchez consegue fazer o que faz em Cuba. A personagem não se encaixa no bom conhecimento que tenho da situação cubana. Quando colocada diante dessa perplexidade, ela explica que se tornou demasiadamente conhecida para que as autoridades atuem com rigor contra ela. A resposta é quase satisfatória, mas tropeça na segunda pergunta: como foi que ela, desconhecida, conseguiu afrontar as barreiras do sistema repressivo até ganhar, de fato, grande notoriedade? Por dever de consciência, digo aos leitores o que sei e não vou além porque não me exponho ao risco de cometer injustiça. Meu tema, aliás, é outro. Tomarei Yoani Sanchez pelo que diz ser, a embaixada de Cuba pelo que organizou e os manifestantes pelo que são. Nessa perspectiva, resulta inevitável denunciar o caráter totalitário, antidemocrático e fascista dessa fraternidade ideológica e partidária organizada em matilha no Foro de São Paulo. Mordem quem se atreve a divergir deles. E morde, quem diz que eles fazem isso. Depois, dormem tranquilos, recostados no travesseiro de pedra de suas consciências. Eis por que, leitores tanto me interessam pela questão cubana. Cuba não é apenas um museu da arqueologia política, onde ainda passeiam como senhores da terra os dinossauros do totalitarismo comunista. Ela é, também, nas opiniões que se emitem aqui sobre o regime lá incrustado, um excelente filtro para identificar muitos charlatães da democracia. Dize-me a quem vaias e dir-te-ei quem és. A generosa renúncia de Bento XVI abriu sinal verde, manchetes e microfones para os inimigos ideológicos da Igreja. Eles aprenderam, na lida da Agitprop (fração do Comitê Central do PC soviético para agitação e propaganda internacional), que suas ideias não avançaram no oeste da Europa e na América por afrontarem os consolidados valores cristãos da população. Então, cheirando a enxofre, atacam a Igreja Católica por dentro e por fora. Mas não prevalecerão contra ela! A renúncia abriu tráfego e mídia, também, para os devotos da religião do non credo. Cruzes! O mundo quase acabou onde influenciaram o poder! Mas investem, arrogante e desrespeitosamente, sobre a fé do povo simples. Fé, também, dos mais sábios dentre os sábios. Dize-me a quem ofendes e dir-te-ei quem és. Zero Hora, 24/02/2013, Difusão Geraldo Porci de Araújo, *** E - - T-000209/PIORES CEGOS Reinaldo Azevedo mostrou muito bem, em um de seus textos mais recentes, o erro crasso cometido pelos jornalistas que avaliaram quase como se fosse um Fla-Flu a mobilização de grupos antagônicos em torno da visita de Yoani Sanchez ao Brasil. De fato, é um absurdo tratar as milícias fascistas montadas para impedir uma pessoa de falar e os cidadãos que a isso se opõem querendo ouvi-la como se fossem forças opostas com iguais méritos e deméritos. Não são. Só para lembrar. Volta e meias, o PT e seus parceiros promovem fóruns de esquerda. Com tudo custeado mediante recursos públicos, trazem ao Brasil gente da pior espécie. Verdadeiros gângsteres da filosofia e da política. Se fosse consultada, a sociedade que paga impostos jamais concordaria em patrocinar esses gastos. Mesmo assim, não tenho notícias de que forças políticas oponentes organizem milícias para impedir que os participantes desses eventos profiram suas tolices e difundam seus maus ensinamentos. Por outro lado, é indispensável escrever e sublinhar que os agressores da blogueira estavam - vejam só! - declaradamente a serviço de dois governos e de um projeto geopolítico. A serviço do governo cubano, a serviço do governo brasileiro e a serviço do Foro de São Paulo. Isso não é tarefa que se atribua a meninos arrogantes. A presença de um membro do gabinete do ministro Gilberto Carvalho na reunião preparatória dessas estripulias fascistas, ocorrida na embaixada de Cuba, torna tudo muito evidente. A reunião era para combinar as ações de repúdio à senhora cubana. A articulação se faria pelas redes sociais. Para facilitar o trabalho, foi distribuído um CD com as informações necessárias. E o funcionário do governo brasileiro presente à reunião era, casualmente, o assessor do Palácio do Planalto para redes sociais (um bom exemplo do que eu chamo de aparelhamento partidário da estrutura do Estado). Em São Paulo, na esquina do Conjunto Nacional onde Yoani autografava seu livro, um grupo gritava: "Sai fora, blogueira imperialista. A América Latina será toda comunista". Ora, esse é o projeto do Foro de São Paulo. Tenho certeza de que muitas pessoas, ao lerem este pequeno texto - quase um desabafo para que não se diga que eu não entendi o que esteve em curso - dirão que estou ampliando as dimensões de um fato menor. Pois esses são os piores cegos. Lula, Dilma e os seus amam de paixão quem pensa assim. Os gângsteres da política, da filosofia e da educação não querem outros opositores. O projeto proclamado alta voz na esquina da Rua Augusta com Avenida Paulista, vai bem adiantado na Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina, Peru, Uruguai, Nicarágua, Brasil e - historicamente - em Cuba. Os resultados são péssimos, mas isso não tem qualquer significado diante da importância da causa. Para tudo contam com o generoso beneplácito dos que não querem ver. Nada mais adequado a estes do que um líder que nada sabe, nada vê e nada ouve. Autor: Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões. Difusão:Geraldo Porci de Araújo.27/02/2013.

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