quarta-feira, 22 de setembro de 2010

FAMILLIA TAYLOR E O ABORTO


Você provavelmente não sabe quem é Amillia Taylor, mas lembra do seu caso. Há bem poucos meses, jornais do mundo inteiro falaram dessa menina, nascida com 21 semanas de gestação, medindo pouco mais de um palmo, com o peso de uma barra de sabão. Exatos 24 centímetros e 284 gramas. O caso de Amillia permanece como severíssima reprimenda ao egoísmo, à teimosia e à insensibilidade dos abortistas.
Depois da foto da menina, totalmente reclinada sobre a mão do médico, com seus pezinhos de dois centímetros, fica proibido para todo o sempre que alguém trate o feto como coisa. E não faz diferença se a foto é tirada semanas para trás ou para frente. A natureza permanece a mesma, da mesma forma que você leitor, dentro de dois ou três meses, não terá deixado de ser o que é. Estará apenas dois ou três meses mais velho. Amillia, até nascer, obtinha do útero materno os mesmos nutrientes que passou a receber do hospital. Os mesmos nutrientes que farão dela menina, adolescente e adulta. Era tão dependente de cuidados para sobreviver quanto qualquer bebê após o parto. Pois há quem encare com frieza polar, com corações de picolé, a decisão de arrancar Amillias aos pedaços dos úteros maternos.
A que título o fazem? Não raro sob o indecente argumento de que a mulher é dona do próprio corpo, onde se haveria infiltrado, insidioso, um monstrengo qualquer, um bebê de Rosemary, ou uma espécie de tumor a exigir radical extirpação. Outras vezes, mediante descabidas alegações emocionais, concebidas para justificar o injustificável. É claro que ocorrem motivos, não raro fortíssimos, para um aborto voluntário. Terríveis dramas pessoais! Mas motivos não são razões. Motivos igualmente fortes também levam a outros crimes e podem servir como atenuantes, jamais como legitimação. E, menos ainda, podem originar leis que os liberem ou os regulamentem. Acolher motivos como se razões fossem seria a falência da própria razão e do Direito Penal.
O obstáculo que os abortistas não conseguem remover é a condição humana do feto. O argumento que não conseguem contornar é a incongruência de se legitimar a eliminação de uma vida humana quando essa mesma sociedade preserva, justificadamente, os santuários ecológicos e até os períodos de reprodução de muitas espécies animais e vegetais.
Os defensores do aborto usam estatísticas como um caixa único de onde sacam os números que querem. Já mencionaram 400 mil óbitos femininos anuais causados por abortos clandestinos. As estatísticas do SUS, hoje, falam em menos de uma centena. Sacam, agora, algo como 250 mil atendimentos hospitalares decorrentes de aborto. Mas omitem aquilo que toda mulher sabe: a imensa maioria dos abortos ocorre naturalmente e gera, em grande parte dos casos, atendimento hospitalar.
O feto vítima do aborto é um Pequeno Polegar sem sorte. Tivesse bota de sete-léguas sairia em disparada do cativeiro mortal onde o ogro o vem buscar. E o faria com a mesma inconformidade com que enfrenta as pinças que o despedaçam.
Dias atrás, debatendo com um médico defensor do aborto, mostrei-lhe a foto de Amillia, e perguntei: “O senhor seria capaz de arrancar esta criança, aos pedaços, do útero da mãe?” Ao que ele, com um gesto de visível mal-estar, exclamou: “Eu não!”. Autor: Percival Puggina. Zero Hora. Difusão: Geraldo Porci de Araújo. 29/04/2007.

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