Para a maior parte das pessoas, “viagem ao exterior” e “lazer” são sinônimos. Mesmo as viagens ditas “a serviço”, que correspondem a uma parcela expressiva dos aivens aéreos, costumam proporcionar momentos de repouso que abrandam as tensões e concedem um sentido prazeroso à jornada. As viagens presidenciais, no entanto, são exceção a essa regra quase geral: sequer nos momentos de descanso os presidentes contam com a privacidade sem a qual o turismo se converte numa impertinente e congestionada chateação.
Lula viaja muito, o que significa estar ativamente envolvido com as funções de chefe de Estado. Mesmo que sua política externa suscite controvérsias, que as gafes se sucedam numa freqüência constrangedora e que tenha adquirido para seus deslocamentos uma aeronave excessivamente custosa e luxuosa, as viagens presidenciais relacionam-se com tais estratégias e são inerentes às atribuições que lhe estão determinadas. Seu antecessor, aliás, também era assíduo em missões externas. Sem qualquer constrangimento pessoal ou nacional, FHC viajava no Sucatão, tinha aquilo que os franceses denominam physique du rôle (jeito adequado para o papel) e não fazia nem dizia tolices em público.
Os que criticam as viagens de Lula atiram no que vêem - “o presidente viaja muito” - e acertam no que não vêem: é impossível estar atento ao mundo e ao almoxarifado, ser ao mesmo tempo chefe de Estado dedicado às suas funções externas e chefe de governo ativo e atuante nos problemas internos.
O presidencialismo, atribuindo as duas principais tarefas do país a uma só pessoa, exige dela uma impraticável ubiqüidade. Assim, quem dispara contra o presidente em pleno vôo, é no presidencialismo que está dando tiros.
Por outro lado, a sociedade brasileira desanda sobre os congressistas uma santa ira. Afinal, mais uma vez, manobram para ampliar seus rendimentos por duas fontes diferentes, seja elevando os subsídios, seja majorando as tais despesas indenizadas sem necessidade de comprovação (vamos combinar que indenização sem comprovação é sinônimo de meter a mão no caixa). Repete-se o fenômeno: a sociedade mira no que vê e mete um balaço no que não vê. Os deputados (nem todos, é verdade) que assim procedem são eleitos por um sistema que estimula a eleição e a representação política de grupos de interesse. Tais segmentos, por sua vez, não escolhem deputados com critérios éticos. No acordo que fazem, os representantes eleitos retribuem votos com os serviços que prestam e as vantagens que negociam. A conta das demasias pessoais e corporativas que cometem vai para o restante da sociedade.
O problema da má pontaria dos cidadãos que disparam contra o presidente viajante (e não contra o presidencialismo) e atiram nos congressistas que se lambuzam (e não no sistema eleitoral que os beneficia) está em que os atiradores sequer ficam sabendo onde foi parar a bala. E aí nada se resolve porque com bala perdida não se derruba uma estrutura política tão mal concebida como a nossa. Autor: Desconhecido. Difusão: Geraldo Porci de Araújo. 26/3/07.
Lula viaja muito, o que significa estar ativamente envolvido com as funções de chefe de Estado. Mesmo que sua política externa suscite controvérsias, que as gafes se sucedam numa freqüência constrangedora e que tenha adquirido para seus deslocamentos uma aeronave excessivamente custosa e luxuosa, as viagens presidenciais relacionam-se com tais estratégias e são inerentes às atribuições que lhe estão determinadas. Seu antecessor, aliás, também era assíduo em missões externas. Sem qualquer constrangimento pessoal ou nacional, FHC viajava no Sucatão, tinha aquilo que os franceses denominam physique du rôle (jeito adequado para o papel) e não fazia nem dizia tolices em público.
Os que criticam as viagens de Lula atiram no que vêem - “o presidente viaja muito” - e acertam no que não vêem: é impossível estar atento ao mundo e ao almoxarifado, ser ao mesmo tempo chefe de Estado dedicado às suas funções externas e chefe de governo ativo e atuante nos problemas internos.
O presidencialismo, atribuindo as duas principais tarefas do país a uma só pessoa, exige dela uma impraticável ubiqüidade. Assim, quem dispara contra o presidente em pleno vôo, é no presidencialismo que está dando tiros.
Por outro lado, a sociedade brasileira desanda sobre os congressistas uma santa ira. Afinal, mais uma vez, manobram para ampliar seus rendimentos por duas fontes diferentes, seja elevando os subsídios, seja majorando as tais despesas indenizadas sem necessidade de comprovação (vamos combinar que indenização sem comprovação é sinônimo de meter a mão no caixa). Repete-se o fenômeno: a sociedade mira no que vê e mete um balaço no que não vê. Os deputados (nem todos, é verdade) que assim procedem são eleitos por um sistema que estimula a eleição e a representação política de grupos de interesse. Tais segmentos, por sua vez, não escolhem deputados com critérios éticos. No acordo que fazem, os representantes eleitos retribuem votos com os serviços que prestam e as vantagens que negociam. A conta das demasias pessoais e corporativas que cometem vai para o restante da sociedade.
O problema da má pontaria dos cidadãos que disparam contra o presidente viajante (e não contra o presidencialismo) e atiram nos congressistas que se lambuzam (e não no sistema eleitoral que os beneficia) está em que os atiradores sequer ficam sabendo onde foi parar a bala. E aí nada se resolve porque com bala perdida não se derruba uma estrutura política tão mal concebida como a nossa. Autor: Desconhecido. Difusão: Geraldo Porci de Araújo. 26/3/07.
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