domingo, 19 de setembro de 2010

A GRANDE MENTIRA CONTINENTAL

Revista Voto, edição fevereiro de 2007
Muito se fala sobre os resultados sociais que teriam sido alcançados pelo regime comunista em Cuba, onde essa específica propaganda é a inteira alma do negócio. No entanto, quando submetemos a realidade local a qualquer modalidade de diagnóstico, as evidências apontam em sentido contrário. Quem for à Ilha, mesmo se desatento à opressora realidade política, identificará uma face social deprimente. Se ouvir a população, escutará narrativas constrangedoras sobre seu cotidiano. Por fim, se analisar os indicadores sociais informados, verá que as coisas não são bem assim. E note-se: tais indicadores são relatados à ONU pelas próprias autoridades dos países membros, sendo de escassa confiabilidade os números fornecidos por regimes que exercem total controle sobre a comunicação e vivem da propaganda, seja para efeitos internos quanto externos. Esse é, de alto a baixo, o caso cubano, como era o da extinta União Soviética. Todos a lembrarão, por certo: enaltecida como potência mundial, elogiada em prosa e verso, no mundo inteiro, por uma legião de “intelectuais” a serviço da agitprop comunista, desabou de pobre e podre, levando junto sua tirania.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o indicador aceito para aferir as condições sociais de um país. Ele foi desenvolvido por um economista paquistanês e utiliza para sua composição, entre outros, os níveis alcançados em educação, saúde, esperança de vida e natalidade. Esse índice foi adotado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que passou a listar os vários países, periodicamente, segundo a ordem decrescente dos respectivos IDHs. Pois bem. Como estão as coisas no relatório de 2006? No topo a Noruega, com IDH 0,965. Em seqüência, Islândia, Austrália, Irlanda, Suécia e Canadá, todos acima de 0,950. A relação completa conta 171 países. Cuba, com IDH 0,826, ocupa a 50ª posição. Isso é bom? Ora, na nossa América do Sul de tantos problemas sociais, a Argentina, o neoliberal Chile e o Uruguai estão em posição superior. Na América Central e no Caribe, Barbados e Costa Rica, também antecedem Cuba na lista de 2006. E o Brasil? Nosso país, cuja realidade bem conhecemos, está em posição 69ª, a apenas 34 milésimos dos números que o regime de Fidel declara sobre si próprio. Suponhamos, apenas para argumentar, que os dados cubanos sejam verdadeiros, embora a observação os contradiga. A comparação com o Brasil é mais do que suficiente para evidenciar que as tais “admiráveis conquistas da revolução” são, na verdade, indigentes. E mais indigentes se tornam se os situarmos num país cujos cidadãos convivem com o sacrifício de todas as liberdades, submetidos ao tacão de um governo que se apropria da quase totalidade da renda nacional para distribuir migalhas ao povo. Se ninguém, em sã consciência, pode enaltecer o desenvolvimento social brasileiro, quem se pode vangloriar de um IDH apenas 34 milésimos melhor do que o nosso? De outra parte, toda essa grande mentira se desmonta pelo simples fato de não haver pessoa, em todo este populoso planeta, que sonhe com ir viver como cubano em Cuba, ao passo que todo cubano sonha com fugir de lá.
Por que escrevo sobre isso? Porque uma avalanche de seguidores de Fidel Castro vem chegando ao poder na América Latina, através do voto, com um discurso apoiado na propaganda que a esquerda faz das tais “conquistas”. Será preciso meio século de ditadura para atingir tão pífios resultados? Há países na região que evidenciam o contrário. “Socialismo o muerte!” sempre significou tirania e miséria. Os novos governantes de esquerda eleitos no continente, que se acotovelam em sorridentes fotos, têm em comum o desejo de estatização da economia, centralização do poder, controle dos meios de comunicação, subordinação dos parlamentos e do Judiciário e construção de uma férrea hegemonia política. Todos enchem suas velas com os ventos da grande mentira que vem do Caribe. Autor: Desconhecido. Difusão: Geraldo Porci de Araújo. 17/3/07.

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