quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NEWSLETTER DO BLOG DO PERCIVAL PUGGINA III

NEWSLETTER DO BLOG DO PERCIVAL PUGGINA III
OS FATOS? ORA OS FATOA!
Todo governante, sentado na cadeira das decisões, se defronta com esta questão: onde gastar os escassos recursos de que dispõe? Abrem-se, de regra, dois caminhos: pode-se gastar conservando o que se tem, aumentando os empregos no setor público e priorizando as despesas de custeio, ou priorizar os investimentos, como forma de ampliar, através deles, as perspectivas do futuro.
O tema é relevante e se expressa na opção por uma dentre duas possibilidades: governar mais para o presente e menos para o futuro ou mais para o futuro e menos para o presente.
Vamos comer feijão com arroz hoje ou preparar uma feijoada para amanhã? A experiência política mostra que o feijão com arroz é eleitoralmente mais bem sucedido que a feijoada, embora a feijoada entre para a história. Na minha opinião, Fernando Henrique Cardoso fez muita bobagem, prestou excessiva atenção ao que o PT dizia, mas preparou feijoada. Lula comeu a feijoada e preparou feijão com arroz.
É nessa bandeja que almoça a política do dia a dia. Se o governante optar pela feijoada, a oposição reclamará da falta do feijão com arroz; se ele escolher o feijão com arroz, a oposição cobrará a feijoada. E não há como escapar desse stress, a menos que – numa situação absolutamente invulgar – existam recursos para fazer bem as duas coisas.
Não é por outra razão que a política deve ser confiada aos estadistas. Quem vota em qualquer um por razões menores deve, mesmo, ser governado por pigmeus. Para cuidar apenas do custeio, um gerente serve; para decidir sobre investimentos, precisa-se de um planejador; para escolher entre o bem e o mal, basta ter consciência bem formada. Mas para priorizar despesas, escolher o mal menor (porque o bem nem sempre está disponível ou acessível), fazer na hora certa a opção correta entre custeio e despesa, se requer um estadista.
E nós só os teremos quando os partidos compreenderem que eleição é um episódio do processo político. A eleição passa, mas a política permanece. E a política só corresponderá às expectativas sociais quando os partidos se preocuparem com formar (e os eleitores com eleger) estadistas. Eles existem e estão por aí, cuidando de outras coisas, porque a política não lhes dá espaço. Enquanto isso, falta feijão, falta arroz e a feijoada só aparece no cardápio dos marqueteiros.
jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia
Percival Puggina (64) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

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