terça-feira, 23 de junho de 2009

CHOVENDO NO MOLHADO

CHOVENDO NO MOLHADO
Reconheço o quanto é excitante à opinião pública a imagem ou o áudio de algum figurão apanhado em situação constrangedora. Se a intimidade dos incógnitos de ontem e de amanhã do BBB desperta tanta curiosidade nacional, imagine-se o grau de interesse suscitado pelos mandachuvas e sopraventos da pátria. É normal. O que não é normal é a conjugação daquilo que o editorial de ZH da última terça-feira denominou de “bisbilhotice” com a espionagem por motivos políticos. Temos tido disso com inadmissível freqüência.
Transparência é bom, mas bisbilhotice é desvio moral, fofoca é conduta antissocial e espionagem é crime. Embora a informação e o esclarecimento da opinião pública sejam importantes para a democracia, certas ações a prejudicam por dois caminhos: seja levando à nulidade formal dos processos, seja servindo a projetos políticos totalitários, construídos mediante instrumentos marginais à lei.
Para a comprovação do que aqui escrevi dia 1º de março sobre os “arrependimentos” dos súditos dos regimes comunistas, foram necessários poucos dias. Os próceres cubanos Carlos Lage e Felipe Pérez Roque, caídos em desgraça, cumpriram no último dia 5 o ritual stalinista, enviando cartas de arrependimento e jurando fidelidade a Fidel, a Raúl e ao partido.
Tá bem, to sabendo. Já a declaração do pugilista Erislandy Lara levou apenas alguns minutos para cair em descrédito. Lara falou à Globo que o próprio presidente Lula se interessara por eles, indagando-lhes se desejavam permanecer no país. Tão logo veiculada a matéria, o Planalto negou o fato e afiançou que Lula jamais falou com os rapazes. Pode? Pode. É preciso conhecer a alma do povo cubano, após 50 anos de comunismo, para entender que pode. Formado na escola da submissão imposta pelo regime, o boxeador produziu uma declaração no formato daquilo que, em Direito, se chama “ultra petita”. Ou seja, exagerou na dose. Para agradar ao poder, foi além do que lhe pediram para dizer. Tipo assim: Fidel é jovem, saudável e bondoso, entende? ZERO HORA. Fonte; Percival Puggina 15/3/09

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