segunda-feira, 22 de junho de 2009

CORDEL DOS EXCOMUNGADOS

CORDEL DOS EXCOMUNGADOS
Peço à musa do improviso. Que me dê inspiração, Ciência e sabedoria, Inteligência e razão, Peço que Deus que me proteja Para falar de uma igreja Que comete aberração.
II
Pelas fogueiras que arderam No tempo da Inquisição, Pelas mulheres queimadas Sem apelo ou compaixão, Pensava que o Vaticano Tinha mudado de plano, Abolido a excomunhão.
III
Mas o bispo Dom José, Um homem conservador, Tratou com impiedade A vítima de um estuprador, Massacrada e abusada, Sofrida e violentada, Sem futuro e sem amor.
IV
Depois que houve o estupro, A menina engravidou. Ela só tem nove anos, A Justiça autorizou Que a criança abortasse Antes que a vida brotasse Um fruto do desamor.
V
O aborto, já previsto Na nossa legislação, Teve o apoio declarado Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso, E mostrou ser corajoso Ao enfrentar a questão.
VI
Além de excomungar O ministro Temporão, Dom José excomungou Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia E se brincar puniria Até a quarta geração.
VII
É esquisito que a igreja, Que tanto prega o perdão, Resolva excomungar médicos, Que cumpriram sua missão E num beco sem saída Livraram uma pobre vida Do fel da desilusão.
VIII
Mas o mundo está virado E cheio de desatinos: Missa virou presepada, Tem dança até do pepino, Padre que usa bermuda, Deixando mulher buchuda E bolindo com os meninos.
IX
Milhões morrendo de Aids: É grande a devastação, Mas a igreja acha bom Furunfar sem proteção E o padre prega na missa Que camisinha na lingüiça É uma coisa do Cão.
X
E esta quem me contou Foi Lima do Camarão: Dom José excomungou A equipe de plantão,
A família da menina E o ministro Temporão, Mas para o estuprador, Que por certo perdoou, O arcebispo reservou A vaga de sacristão. Autor: Miguezim de Princesa - Poeta popular, paraibano radicado em. Brasília.

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