OS INIMIGOS DA DEMOCRACIA
A democracia brasileira está sob fogo cerrado. Ao contrário do que o leitor possa estar pensando, os inimigos da democracia não morreram de velhos, não. Renovam-se através das gerações e alteram as formas de agir, de modo a ganharem eficiência. Hoje, eles a atacam desde vários flancos. Do somatório de todos esses esforços surge uma força difícil de ser neutralizada. Duvida? Responda então, para si mesmo, as perguntas a seguir.
1. São amigos da democracia os que agem no sentido de atribuir mais e mais recursos, mais e mais poderes, mais e mais prerrogativas ao Planalto, de onde sua excelência de cada quadriênio distribui favores e atrai fervores? Tal hegemonia, desequilíbrio da repartição dos poderes, desrespeito à Federação, peso a uma mesma e única caneta correspondem a uma forma desejável de democracia? Certamente não. No entanto, não são poucos nem desprovidos de influência os que vestem essa camiseta e jogam nesse time.
2. São amigos da democracia os que a veem como um campo de batalha? Quantos, dentre os atores da cena política nacional, se enquadram na descrição a seguir? “Nós entramos no parlamento como forma de nos abastecer, com suas armas, no arsenal da democracia. Se a democracia é tão estúpida como para nos proporcionar meios e salários para este trabalho de urso, é problema dela. Nós não chegamos como amigos, nem como neutros. Nós chegamos como inimigos. Assim como o lobo salta sobre o rebanho, assim nós chegamos”. Não creio que estas palavras de Goebbels em seu “Der Angriff” sejam incongruentes com a conduta visível de muitos homens públicos, cuja ganância pelo poder se nutre da animosidade, do conflito e do desprezo às instituições da democracia.
3. São amigos da democracia os que, agindo desde fora, tudo fazem para desacreditar a instituição parlamentar, escalando-a como passivo saco de suas pancadas? Bradam contra ela, como se todas as carências nacionais fossem causadas pelo R$ 7 bilhões gastos nas suas duas casas. No entanto, de cada mil reais do orçamento da União, o Congresso inteiro (com todas as suas mazelas, regalias e desperdícios!) gasta cinco! Não, leitor, não serve à democracia apontar apenas os descontroles do parlamento e fechar os olhos sobre o que ocorre noutros centros de custos muito mais vultosos, disponíveis nas mesmas fontes oficiais de informação.
Junte tudo, junte todos, e não sobrarão muitos democratas por aí. Todavia, saiba: esse Congresso, um dos piores da história republicana, ainda é o lugar onde bate – fraco e enfermo, mas bate – o coração da democracia. Ele é a representação da nação em sua pluralidade. Como a nação, precisa ser aprimorado, não condenado. Precisa ser preservado, não desmoralizado. Abra os olhos, faça as contas, e verá que os maiores problemas do Brasil estão no outro lado da Praça. Os inimigos da democracia, no entanto, sabem muito bem para onde assestar seus canhões. Percival Puggina 04/04/2009
A democracia brasileira está sob fogo cerrado. Ao contrário do que o leitor possa estar pensando, os inimigos da democracia não morreram de velhos, não. Renovam-se através das gerações e alteram as formas de agir, de modo a ganharem eficiência. Hoje, eles a atacam desde vários flancos. Do somatório de todos esses esforços surge uma força difícil de ser neutralizada. Duvida? Responda então, para si mesmo, as perguntas a seguir.
1. São amigos da democracia os que agem no sentido de atribuir mais e mais recursos, mais e mais poderes, mais e mais prerrogativas ao Planalto, de onde sua excelência de cada quadriênio distribui favores e atrai fervores? Tal hegemonia, desequilíbrio da repartição dos poderes, desrespeito à Federação, peso a uma mesma e única caneta correspondem a uma forma desejável de democracia? Certamente não. No entanto, não são poucos nem desprovidos de influência os que vestem essa camiseta e jogam nesse time.
2. São amigos da democracia os que a veem como um campo de batalha? Quantos, dentre os atores da cena política nacional, se enquadram na descrição a seguir? “Nós entramos no parlamento como forma de nos abastecer, com suas armas, no arsenal da democracia. Se a democracia é tão estúpida como para nos proporcionar meios e salários para este trabalho de urso, é problema dela. Nós não chegamos como amigos, nem como neutros. Nós chegamos como inimigos. Assim como o lobo salta sobre o rebanho, assim nós chegamos”. Não creio que estas palavras de Goebbels em seu “Der Angriff” sejam incongruentes com a conduta visível de muitos homens públicos, cuja ganância pelo poder se nutre da animosidade, do conflito e do desprezo às instituições da democracia.
3. São amigos da democracia os que, agindo desde fora, tudo fazem para desacreditar a instituição parlamentar, escalando-a como passivo saco de suas pancadas? Bradam contra ela, como se todas as carências nacionais fossem causadas pelo R$ 7 bilhões gastos nas suas duas casas. No entanto, de cada mil reais do orçamento da União, o Congresso inteiro (com todas as suas mazelas, regalias e desperdícios!) gasta cinco! Não, leitor, não serve à democracia apontar apenas os descontroles do parlamento e fechar os olhos sobre o que ocorre noutros centros de custos muito mais vultosos, disponíveis nas mesmas fontes oficiais de informação.
Junte tudo, junte todos, e não sobrarão muitos democratas por aí. Todavia, saiba: esse Congresso, um dos piores da história republicana, ainda é o lugar onde bate – fraco e enfermo, mas bate – o coração da democracia. Ele é a representação da nação em sua pluralidade. Como a nação, precisa ser aprimorado, não condenado. Precisa ser preservado, não desmoralizado. Abra os olhos, faça as contas, e verá que os maiores problemas do Brasil estão no outro lado da Praça. Os inimigos da democracia, no entanto, sabem muito bem para onde assestar seus canhões. Percival Puggina 04/04/2009
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