GOL CONTRA
Poucas coisas afetam de modo tão danoso o ânimo de um time de futebol quanto o gol contra. Se o lance do gol for confuso, não precisa olhar o teipe para reconhecer o culpado. Basta procurar pelo atleta mais cabisbaixo, mais deprimido. Ali está o réu. Ele sabe que fez uma grande bobagem contra si e contra os seus. Imagine, agora, um jogador que mande a bola para o fundo das próprias redes e saia desenhando corações com as mãos, subindo o alambrado para festejar e convocando seus companheiros para participarem da própria alegria.
Loucura? Nem sempre. Às vezes, coisas assim acontecem sob nossos olhos, fora das “quatro linhas” como se dizia antigamente, sem que a gente perceba a incongruência entre o mal feito e a atitude de quem o fez. É o que ocorre, por exemplo, em relação a certos aspectos da atual Campanha da Fraternidade, que se volta para o tema da segurança pública. Estão convocando a torcida católica para estimular gol contra.
É recorrente no texto da Campanha de 2009 o velho matiz ideológico de muitas CFs anteriores. De cara, o documento deste ano exibe seu pincel, retratando fatos da nossa história com as cores que lhe servem. Assim, por sua leitura, ficamos informados de que a violência chegou ao Brasil com os portugueses. Até então, deduz-se, os índios viviam em paz. Nada tinham a ver com a mancada de Adão e Eva e permaneciam no paraíso. Só usavam suas flechas para caçar capivaras. E o bispo D. Pero Fernandes Sardinha acabou sendo partilhado (fraternalmente, claro) numa ceia dos caetés porque, de fato, era muito apetitoso. Os nativos daquele Éden onde se intrometeu o velho colega dos nossos prelados da CNBB jamais seriam levados, por maus sentimentos, a sacrificar e cozinhar um semelhante.
O mesmo matiz ideológico concede uma espécie de indulgência plenária à criminalidade que mais asusta o país, toda ela vista como conseqüência do tipo de sociedade onde vivemos. Denuncia as penas de prisão como “vingança” social e convoca os fiéis a “assumir sua responsabilidade pessoal no problema da violência”. Trata-se, em resumo, da velha luta de classes, segundo a qual as vítimas da criminalidade são socialmente culpadas, ao passo que os criminosos são inocentados por inexistência de outra conduta exigível. É a tese do Marcola, sendo acolhida pela CNBB.
Pela falta de qualquer menção, o documento abranda e envolve em compreensões quaresmais crimes hediondos, tais como estupro, pedofilia, seqüestros, tráfico de drogas, latrocínio, homicídio (a palavra assassinato, creiam, só aparece quando o texto fala da “luta pela terra”!). Em seguida, o documento da CNBB crispa os dedos, arreganha os dentes e evidencia santa ira quando denuncia “a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas”. O erro não está aqui, está lá atrás. Fica flagrante a adesão à idéia marxista e coletivista de que o crime contra o Estado e o interesse público é mais grave do que o crime objetivamente dirigido contra a pessoa humana, imagem e semelhança de Deus, como muito bem apontou em recente artigo o delegado de polícia Rafael Vitola Brodbeck.
Isso tudo é gol contra. A doutrina católica ensina que o pecado corresponde à negativa pessoal, consciente, livre e voluntária contra a vontade revelada de Deus. A isso sobrevém o “cair em si”, o sentimento de culpa, o arrependimento, o remorso, a confissão, o pedido de perdão, a reparação, a penitência. Trata-se de uma pedagogia extraordinária para a formação da consciência moral e para a consolidação das virtudes. Tente educar uma criança sem isso e veja no que dá Busque a bola no fundo da sua rede, então, quando ouvir esse sermão ideológico sobre a socialização do crime do “pobre” e sobre a individualização do crime do “rico”. Percival Puggina 28/9/08.
Poucas coisas afetam de modo tão danoso o ânimo de um time de futebol quanto o gol contra. Se o lance do gol for confuso, não precisa olhar o teipe para reconhecer o culpado. Basta procurar pelo atleta mais cabisbaixo, mais deprimido. Ali está o réu. Ele sabe que fez uma grande bobagem contra si e contra os seus. Imagine, agora, um jogador que mande a bola para o fundo das próprias redes e saia desenhando corações com as mãos, subindo o alambrado para festejar e convocando seus companheiros para participarem da própria alegria.
Loucura? Nem sempre. Às vezes, coisas assim acontecem sob nossos olhos, fora das “quatro linhas” como se dizia antigamente, sem que a gente perceba a incongruência entre o mal feito e a atitude de quem o fez. É o que ocorre, por exemplo, em relação a certos aspectos da atual Campanha da Fraternidade, que se volta para o tema da segurança pública. Estão convocando a torcida católica para estimular gol contra.
É recorrente no texto da Campanha de 2009 o velho matiz ideológico de muitas CFs anteriores. De cara, o documento deste ano exibe seu pincel, retratando fatos da nossa história com as cores que lhe servem. Assim, por sua leitura, ficamos informados de que a violência chegou ao Brasil com os portugueses. Até então, deduz-se, os índios viviam em paz. Nada tinham a ver com a mancada de Adão e Eva e permaneciam no paraíso. Só usavam suas flechas para caçar capivaras. E o bispo D. Pero Fernandes Sardinha acabou sendo partilhado (fraternalmente, claro) numa ceia dos caetés porque, de fato, era muito apetitoso. Os nativos daquele Éden onde se intrometeu o velho colega dos nossos prelados da CNBB jamais seriam levados, por maus sentimentos, a sacrificar e cozinhar um semelhante.
O mesmo matiz ideológico concede uma espécie de indulgência plenária à criminalidade que mais asusta o país, toda ela vista como conseqüência do tipo de sociedade onde vivemos. Denuncia as penas de prisão como “vingança” social e convoca os fiéis a “assumir sua responsabilidade pessoal no problema da violência”. Trata-se, em resumo, da velha luta de classes, segundo a qual as vítimas da criminalidade são socialmente culpadas, ao passo que os criminosos são inocentados por inexistência de outra conduta exigível. É a tese do Marcola, sendo acolhida pela CNBB.
Pela falta de qualquer menção, o documento abranda e envolve em compreensões quaresmais crimes hediondos, tais como estupro, pedofilia, seqüestros, tráfico de drogas, latrocínio, homicídio (a palavra assassinato, creiam, só aparece quando o texto fala da “luta pela terra”!). Em seguida, o documento da CNBB crispa os dedos, arreganha os dentes e evidencia santa ira quando denuncia “a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas”. O erro não está aqui, está lá atrás. Fica flagrante a adesão à idéia marxista e coletivista de que o crime contra o Estado e o interesse público é mais grave do que o crime objetivamente dirigido contra a pessoa humana, imagem e semelhança de Deus, como muito bem apontou em recente artigo o delegado de polícia Rafael Vitola Brodbeck.
Isso tudo é gol contra. A doutrina católica ensina que o pecado corresponde à negativa pessoal, consciente, livre e voluntária contra a vontade revelada de Deus. A isso sobrevém o “cair em si”, o sentimento de culpa, o arrependimento, o remorso, a confissão, o pedido de perdão, a reparação, a penitência. Trata-se de uma pedagogia extraordinária para a formação da consciência moral e para a consolidação das virtudes. Tente educar uma criança sem isso e veja no que dá Busque a bola no fundo da sua rede, então, quando ouvir esse sermão ideológico sobre a socialização do crime do “pobre” e sobre a individualização do crime do “rico”. Percival Puggina 28/9/08.
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