RECEITA INFALÍVEL
Muitas, dentre as mais de mil mensagens que recebo semanalmente, contêm duríssimas manifestações de repulsa às instituições parlamentares em geral e ao Congresso Nacional, em particular. Recolho, tais opiniões como expressão do entendimento popular. Mas estou convencido de que seus autores, sem o saber, prestam inestimável serviço ao governo Lula e aos sonhos de hegemonia de seus ideólogos. Os congressistas que temos constituem o espelho possível da sociedade que somos segundo a forma de escolha que o nosso sistema eleitoral determina.
Um sistema pior do que esse, se existisse, produziria uma representação ainda pior, ao passo que um sistema qualitativamente superior produziria representação melhor. Em outras palavras, há uma relação direta entre a qualidade da regra do jogo político e a qualidade dos parlamentos. O atual surto de liberação de emendas parlamentares para aprovação da CPMF é apenas o mais recente exemplo de o quanto a degradação do Congresso serve às conveniências do Palácio do Planalto, tanto no sentido de proporcionar um plenário sensível aos chamegos do poder, quanto no sentido de isentar o governo de suas próprias culpas. No entanto, tudo se passa, perante a opinião pública, como se tivéssemos um parlamento corrupto sem a persistente ação de um governo corruptor.
O episódio do mensalão, seguido da triunfal reeleição de Lula, foi magistral, inesquecível e incontestável demonstração do que afirmo. Ora, o parlamento (mesmo o pior dentre todos, como julgo ser o caso do nosso), é o coração da democracia. Por isso, pergunto: até quando vamos continuar bancando os bobos da corte de Lula IIº, abismados com seus índices de aceitação popular, vociferando contra as instituições parlamentares, e totalmente desatentos às regras do jogo político que serviram para produzir Lula e seus congressistas? Ou alguém aí tem esperança de que nas próximas eleições conseguiremos coisa melhor sob os mesmos regulamentos? A incapacidade dos grupos de influência do país – grupos de influência intelectual, política, econômica, sindical, midiática e religiosa – de compreender as relações de causa e efeito que se estabelecem no espaço político chega às raias da cegueira. E vêm servindo o poder em bandeja de prata e guarnições de linho branco aos adversários da democracia representativa.
Há muito democrata, por aí, contribuindo como inocente útil ao golpismo em marcha, alinhado com um erro que se comprova como tal ao longo de sucessivas décadas – o erro de crer que as instituições são boas e que apenas por falta de sorte vêm produzindo os resultados que observamos.
Se assim for, tenho uma mandinga infalível para 2010: numa noite de lua cheia, finque um prego numa cebola e jogue para cima do telhado. Você verá a maravilha de presidente e a qualidade do Congresso que vamos eleger. Percival Puggina. Recebedo em 22/9/07.
Muitas, dentre as mais de mil mensagens que recebo semanalmente, contêm duríssimas manifestações de repulsa às instituições parlamentares em geral e ao Congresso Nacional, em particular. Recolho, tais opiniões como expressão do entendimento popular. Mas estou convencido de que seus autores, sem o saber, prestam inestimável serviço ao governo Lula e aos sonhos de hegemonia de seus ideólogos. Os congressistas que temos constituem o espelho possível da sociedade que somos segundo a forma de escolha que o nosso sistema eleitoral determina.
Um sistema pior do que esse, se existisse, produziria uma representação ainda pior, ao passo que um sistema qualitativamente superior produziria representação melhor. Em outras palavras, há uma relação direta entre a qualidade da regra do jogo político e a qualidade dos parlamentos. O atual surto de liberação de emendas parlamentares para aprovação da CPMF é apenas o mais recente exemplo de o quanto a degradação do Congresso serve às conveniências do Palácio do Planalto, tanto no sentido de proporcionar um plenário sensível aos chamegos do poder, quanto no sentido de isentar o governo de suas próprias culpas. No entanto, tudo se passa, perante a opinião pública, como se tivéssemos um parlamento corrupto sem a persistente ação de um governo corruptor.
O episódio do mensalão, seguido da triunfal reeleição de Lula, foi magistral, inesquecível e incontestável demonstração do que afirmo. Ora, o parlamento (mesmo o pior dentre todos, como julgo ser o caso do nosso), é o coração da democracia. Por isso, pergunto: até quando vamos continuar bancando os bobos da corte de Lula IIº, abismados com seus índices de aceitação popular, vociferando contra as instituições parlamentares, e totalmente desatentos às regras do jogo político que serviram para produzir Lula e seus congressistas? Ou alguém aí tem esperança de que nas próximas eleições conseguiremos coisa melhor sob os mesmos regulamentos? A incapacidade dos grupos de influência do país – grupos de influência intelectual, política, econômica, sindical, midiática e religiosa – de compreender as relações de causa e efeito que se estabelecem no espaço político chega às raias da cegueira. E vêm servindo o poder em bandeja de prata e guarnições de linho branco aos adversários da democracia representativa.
Há muito democrata, por aí, contribuindo como inocente útil ao golpismo em marcha, alinhado com um erro que se comprova como tal ao longo de sucessivas décadas – o erro de crer que as instituições são boas e que apenas por falta de sorte vêm produzindo os resultados que observamos.
Se assim for, tenho uma mandinga infalível para 2010: numa noite de lua cheia, finque um prego numa cebola e jogue para cima do telhado. Você verá a maravilha de presidente e a qualidade do Congresso que vamos eleger. Percival Puggina. Recebedo em 22/9/07.
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