sexta-feira, 29 de maio de 2009

NÃO LEIAMEM SALAS DE AULA

NÃO LEIAMEM SALAS DE AULA
Nossos sistemas de governo têm os dedos cansados de escrever, concede aos demagogos uma vantagem que se amplia à medida que avança o processo de urbanização e nos tornamos, cada vez mais, uma sociedade de massa. O presidente da República, eleito e reeleito, é craque no uso de tais facilidades. Há muito tempo integra a corte dos privilegiados. Prosperou longe de toda atividade produtiva e declara um patrimônio que o coloca no topo da pirâmide das classes de renda. Usa ternos Armani e cerca-se de itens de consumo sofisticado. Mas tanto para o mercado eleitoral interno quanto para efeitos externos, Lula é povão. As pessoas olham-no ele e vêem o torneiro-mecânico que há quatro décadas deixou de ser. Como é possível? O mendigo vira príncipe e passa a usufruir tanto dos créditos devidos à realeza quanto da caridade suscitada pela pobreza?
Creio que a explicação desse fenômeno está no poder da linguagem. Dispensado, desde muito cedo, do suor do rosto para o ganho do pão, Lula poderia ter feito o mesmo que fizeram outros homens públicos do país, com origem igualmente pobre, enfrentando dificuldades superiores: cometeram a tolice de estudar, aprenderam a conjugar verbos, queimaram pestanas em leituras, captaram as sutilezas das concordâncias e das regências. Lula, ao contrário, sempre quis distância das salas de aula e dos livros. Percebeu que o linguajar que empregava, num país como o nosso, era um de seus principais patrimônios políticos. Trocá-lo pela língua culta seria sepultar sua carreira.
Ademais, tivesse estudado, teria aplicado a inteligência, que tem como dom natural, para coisas pequeno-burguesas como a busca da verdade e a construção do raciocínio lógico. Lula era muito inteligente para cair nessa. Ao continuar falando como torneiro-mecânico imigrante nordestino ele pavimentou os caminhos da comunicação que o fariam presidente do Brasil.
Quando compreendemos isso, podemos entender o que ele disse no dia 2 de agosto, quando comparou o setor aéreo nacional a um cão com muitos donos, que morre de fome porque ninguém cuida. O leitor destas linhas sabe que o autor da frase é o próprio dono do cão. Compreende que ele é o responsável pelo bicho. Percebe que Lula inverte os lados da relação e se apresenta como se ele fosse o cão e não o dono do cão. Esta não é a primeira, nem a segunda, nem a décima vez que faz a mesma coisa. “Mas isso quem tem que dizer sou eu, não tu!”, penso, sempre que ele aborda erros do governo como se o presidente fosse qualquer outra pessoa.
O fato, porém, é que a estratégia de assinar o próprio alvará de soltura mediante confissões de que foi traído pelo que outros “fizero”, de que não sabia, e de que a administração é um cão sem dono, tem funcionado esplendidamente numa sociedade como a nossa.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (Democratas-SP), considerou graves as denúncias da revista Veja contra Renan Calheiros. Segundo a revista, Calheiros teria usado laranjas para adquirir uma rede de comunicação em Alagoas. As informações são da CBN (Terra).
A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste terão a ortografia unificada. Percival Puggina.

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