A pergunta me foi proposta diversas vezes nos últimos dias com relação ao envolvimento de Lula nas eleições venezuelanas em favor do companheiro Chávez. O chefe de Estado de um país pode se manifestar e se intrometer no processo político interno de outro? Objetivamente, não há lei nacional que o impeça. Mas, como diz São Paulo aos coríntios, nem tudo que é lícito edifica, ou, nas palavras de outro Paulo, jurista romano: “Nem tudo que é permitido (pelo Direito) é correto”. Portanto, se o chefe de Estado for pessoa prudente, saberá que pode, mas não deve; se for imprudente ou insensato, o fará. Aliás, como a experiência tem demonstrado fartamente, fará isso e muito mais porque é infinito o universo das coisas tolas e imprudentes sujeitas ao juízo ou à falta de juízo humano. Num dado momento do discurso que proferiu, Lula disse: "Eu sei que tem eleição aqui dia 3. Eu não sou venezuelano, então não posso dar meu palpite nas eleições venezuelanas". Falou como pessoa prudente, embora confundindo o poder com o dever. Ele poderia, mas não deveria. No entanto, logo após, voltou ao estado normal e degringolou. Dirigindo-se a Chávez, disse: “O mesmo povo que elegeu a mim, que elegeu Kircher, que elegeu Daniel Ortega, que elegeu Evo Morales, certamente vai te eleger presidente da República da Venezuela”. E tem gente que considera delírio direitista qualquer menção às tenebrosas articulações do Foro de São Paulo. Abaixo dele, a ponte que estava sendo inaugurada. Sobre ele um capacete vermelho igual ao do mandatário venezuelano e na cor da campanha chavista. Qual? Vermelha, ora bolas. Havia dois meses que a obra, financiada com recursos brasileiros, estava concluída. Veículos e pedestres, entretanto, continuaram atravessando pachorrentamente o Orinoco, em balsas. A tal integração bolivariana que se arrastasse sobre o rio porque convinha a Chávez que Lula estivesse presente àquele comício de sua campanha eleitoral. Lula não estava de férias com dona Marisa nas areias venezuelanas da Isla de Margarita. Estava em visita oficial, como representante da nação brasileira, metendo a colher torta em questão estritamente política e interna de nação amiga, onde se disputa um pleito entre dois candidatos. E se der zebra? E se Manuel Morales vencer a eleição? O que se presenciou lá no Rio Orinoco foi à face externa do mesmo processo que, internamente, deu causa à degradação moral do governo Lula: a privatização partidária e política daquilo que é público para servir à causa. Lula fez da representação nacional que lhe corresponde serventia aos interesses ideológicos e aos projetos de poder do Foro de São Paulo. Uma visão (muito crítica) do Brasil) Conferência de Percival Puggina no Seminário sobre Democracia e Liberdade, promovido em São Paulo pela Associação Comercial de São Paulo, Atlas Foundation e MSM, em 16 de abril de 2006. Improviso de gravado pelo site do Diário do Comércio e transcrito sem revisão. Ouvi falar várias vezes, aqui, de um triângulo: Fidel Castro, Chávez e Evo Morales, e eu fiquei perguntando onde estava o Lula. Porque, na verdade, não é um triângulo. Trata-se de uma quadrilha. E, no horizonte mais próximo, pelo que ouvi de alguns visitantes estrangeiros, caminhamos para uma pandilha. Por que excluir Lula? Alguém conhece algum petista que tenha tecido críticas a Fidel Castro, Chávez e Morales? Alguém ouviu de Lula alguma crítica a qualquer dos três? Nem mesmo a Fidel Castro. Autor Percival Puggina. Difusão: Geraldo Porci de Aeraújo. 18/11/06.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
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