terça-feira, 23 de novembro de 2010

MENSAGEM CRISTÃ RADICALIDADE E FUNDAMENTALISMO

Quem já conduziu uma criança sabe que ela tem sua atenção atraída por outras coisas, desvia-se do caminho e é necessário chamá-la para que se mantenha no rumo a ser seguido. À medida em que nos tornamos adultos na fé, adquirimos a consciência de que seguir a Cristo implica evitar dispersões e de que quanto mais próximos dEle nos conservamos mais firmes andamos. Por isso, a conversão é descrita como um processo consciente e crescente (além de comunicante); e também por isso há uma radicalidade na vida cristã que busca ser autêntica. Não são poucos, no entanto, os que levam essa radicalidade para certas áreas nas quais ela não tem aplicação e pelas quais o próprio Cristo não enveredou, mesmo quando provocado a fazê-lo.
Sabe-se, hoje, que a Política e a Economia são ciências que obedecem a certas regras próprias. Quando uma tenta ditar a outras normas que não lhe são aplicáveis, surgem graves transtornos. O caso bem conhecido dos congelamentos de preços exemplifica isso. Por outro lado, a Política tem uma dimensão prática que se torna tanto mais complicada quanto mais pluralista é a sociedade, de modo que sempre existem várias convicções e propostas sobre a organização da vida social. Somente aquelas que sejam flagrantemente contrárias ao bem e ao senso moral comum podem, em tese, ser consideradas ilegítimas.
O Brasil é pluralista e mesmo entre os católicos haverá, por certo, um amplo conjunto de posições sobre como se devem produzir o bem comum. Haverá alternativas divergentes sobre previdência social, organização da segurança pública, política agrária, atividades a serem subsidiadas, estruturação do ensino e da saúde, e assim por diante.
Portanto, sempre que alguém pretender hastear a bandeira de Cristo e do bem sobre tal ou qual proposta, corrente de opinião ou partido está incorrendo em fundamentalismo. Há pessoas que defendem um justo ecumenismo no plano religioso e procedem como fundamentalistas quando se trata de aplicar a fé a aspectos polêmicos da vida social. É fácil identificar a falta de seiva evangélica em certos ramos da atividade humana, mas é fundamentalista quem crê que ela só corre no galho onde se assenta, pois raramente há apenas um modo cristão de resolver os problemas. Querer fazer as coisas cristãmente é radicalidade; pretender que um determinado modo seja o único modo cristão é fundamentalismo. Zero Hora, 07/01/2007 Autor: Percival Puggina. Difusãzo: Geraldo Porci de Araújo, 07/01/07.

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