sexta-feira, 24 de abril de 2009

T-000078/INOCENTE.
Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol escaldante convidava a todos para um refresco. Ricadinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou: Pai estou com fome! O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de ciência. Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu estou com muita fome pai! Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai. Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente.
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão: Meu senhor estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar! Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho. Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF Prato-Feito arroz, feijão, bife e ovo.
Para Recadinho era um sonho, comer após tantas horas na rua.
Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá.
Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada.
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de dois anos de desemprego, humilhações sem necessidades.
Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar: Ô Maria! Sua comida deve estar muito ruim. Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato? Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer.
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho, mais confiante Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas.
Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório.
Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos "biscates aqui e acolá", mas que há 2 meses não recebia nada.
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias.
Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho.
Ao chegar em casa com toda aquela "fartura", Agenor é um novo homem - sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso.
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta era toda uma esperança de dias melhores. No dia seguinte, as 5 da manha, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho.
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa.
E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres.
Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar. Dr. Agenor Baptista de Medeiro. Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão tremula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta.
Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula.
Vamos encontrar o s, advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro.
Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, fica impressionado em ver o "antigo funcionário" tão elegante em seu primeiro terno.
Mais, dez anos, se passaram, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço. Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seufilho,oagoranutricionistaRicardoBaptista.Tudomudou,tudopassou,masasamizadesdaquelesdoishomens:AmaroeAgenorimpressionavam a todos que conheciam um pouco da história de cada um. Contamqueaos82anososdoisfaleceramnomesmodia,quasequehámesmahora,morrendoplacidamentecom um sorriso de dever cumprido. Ricardinho, filho mandou gravar na frente da “Casando Caminho", que seu pai fundou com tanto carinho: “Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia, acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço”. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!”·(História verídica)··Se acharem que vale a pena repassem, pois nunca é··tarde para começar e sempre é cedo para parar!”.
28 de março de 2.005 Geraldo Porci de Araújo.
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